Levo
uma mão trémula e hesitante ao bolso e retiro um telemóvel antigo, daqueles com
o esquema de cores apenas a preto e branco. "Patrão" está a ligar.
Olho para o ecrã do telemóvel durante o que me parece uma eternidade. Deverei atender? Clico na tecla verde e
levo o auscultador ao ouvido.
-
Bom dia, Sr. Ferreira. Espero não o ter acordado. - Diz o homem com a voz
disfarçada.
Estou
tão confuso e a fervilhar de raiva que demoro bastante tempo a conseguir
articular algo.
-
Quem fala? - Pergunto. As palavras saem-me da boca num tom de desespero.
-
Isso não interessa. - Responde-me a voz disfarçada num tom eloquente, quase
simpático. - Tenho um trabalho para si, uma missão, se desejar. Tenho a sua
filha, que morrerá num piscar de olhos se o senhor sequer pensar em não
colaborar. Por agora, sugiro que saía daí, a polícia não deve estar a tardar.
Mal
ele acaba a frase, ouço o ruído ínfimo das sirenes. A chamada cai.
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