Estaciono
a mota a um quarteirão de distância da casa e vou o resto a pé. Enquanto ando,
sinto a pistola de 9mm que tirei de um dos baús no fundo das minhas costas,
presa pelas calças. Num dos bolsos do casaco um silenciador e no outro um rolo
de fita adesiva. Todos estes objetos dão-me uma sensação de segurança. Examino
a casa a uma distância segura. Está velha e decrépita, tal como todas as outras
à sua volta. Vou para as traseiras e monto o silenciador na minha Beretta. Uma
das janelas não está trancada e é por aí que eu entro. Ouço o som abafado da
televisão e movo-me silenciosamente nessa direção. Ao entrar na sala, deparo-me
com um sujeito de aspeto normal, sentado no sofá a ver uma série televisiva
qualquer. Ele olha repentinamente para mim ao sentir a minha presença e eu
aponto-lhe a 9mm à cabeça, fazendo sinal com a outra mão para ele não fazer
barulho. Ele está visivelmente aterrorizado, a olhar diretamente para mim como
um veado encadeado por faróis.
-
Onde está a minha filha? - pergunto o mais calmamente possível.
-
Eu- eu não sei d-do que e-estás a falar. - ele tenta mentir.
Mas
eu reconheço-lhe a voz. A voz que ele não se lembrou de disfarçar na última
chamada que fez.
Sem comentários:
Enviar um comentário